Inquérito policial federal apura fraudes da família Tartuce, envolvendo o deputado federal Fred Linhares e o senador Izalci Lucas
Por Mino Pedrosa

A derrocada da família Tartuce, à beira da falência, leva consigo ao ostracismo um senador e um deputado federal eleito por Brasília. Conhecido por Wigão, Wigberto Ferreira Tartuce, caiu em desgraça após desviar recursos do Fundo do Trabalhador do Distrito Federal, que o fez acumular uma dívida de R$ 94 milhões junto à Justiça.

Poucos sabem, porém, que este é o menor de suas preocupações, já que há um novo inquérito na Polícia Federal que já abala as estruturas da família e promete resvalar em parlamentares da capital federal.

Em um levantamento inicial feito por agentes da PF, o órgão investigador alcançou vários imóveis em nome de laranjas, uma conta no exterior, e várias empresas criadas por Flávia Veloso Tartuce, filha mais velha de Wigão, para burlar o sistema financeiro nacional.

O esquema montado por integrantes da família, porém, alcança também parte da cúpula do Governo do Distrito Federal. O curioso, é que a fraude já foi motivo de discordância entre os membros da família Tartuce.

Para desviar do bloqueio judicial, à rádio Atividade, comandada por Flávia e Wigão, burlaram a determinação da Justiça Federal do DF, onde o patriarca da família, surrupiou do Fundo do Trabalhador, milhões dos cofres públicos. Wiguinho, como é conhecido o filho de Wigão, decidiu usar uma de suas agências, a Total Agência de Publicidade e Empreendimentos Eireli, para receber valores do GDF com pagamentões publicidade, “por fora”.

Junto com a empresa Linhares Comunicação Ltda, de propriedade do deputado federal eleito Davys Frederico Teixeira Linhares (Republicanos), mais conhecido como, Fred Linhares, que tem um programa diário na rádio Atividade, Wiguinho passou a receber recursos do Buriti, após conluio com o secretário de Comunicação, Wellington Moraes, que deveriam ter sido destinados à rádio Atividade, determinado pela justiça.

Sem prestar serviço algum ao GDF, as empresas triangulam o pagamento à empresa do deputado federal para evitar que o dinheiro seja bloqueado pela Justiça.

Ao perceber que estava sendo lesado pela própria família, já que recursos deixaram de entrar na rádio, Wigão acionou o TJDFT contra Flávia Tartuce, filha mais velha. Toda a confusão foi registrada também em um Boletim de Ocorrência, que pode levar toda a família à cadeia.

Com os bens bloqueados, Wigão é sócio cotista da rádio Atividade e da rádio Jovem Pan Brasília, e possui um gasto mensal de aproximadamente R$ 150 mil. Com um luxuoso padrão de vida, Wigão usa a conta bancária da atual esposa para contornar o bloqueio judicial.

Já está sob custódia da PF também documentos que mostram o esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo dono das rádios por meio da conta bancária de Rhayanny de Freitas Cavalcante, aberta no Banco do Brasil e com terminativo xxx51-4.

Além da lavagem de dinheiro, a Polícia Federal recebeu também uma farta documentação que comprovam crimes como fraude contratual, desvio de recursos públicos e corrupção ativa e passiva.

Nessa documentação, foram incluídos também o atual senador Izalci Lucas (PSDB), que chegou a ter contrato com a rádio atividade para um programa semanal que acabou sendo pago com recursos do Senado Federal, por meio de contratações de pessoas indicadas pelos proprietários das rádios.

Mansão milionária

Determinada pela 6ª Vara Cível de Brasília, após um pedido da AGU (Advocacia-Geral da União) e outros credores, a mansão milionária de Vigão vai a leilão no dia 13 de fevereiro devido à dívida criada por conta do desvio no Fundo do Trabalhador.

Entre os interessados na propriedade estão o governador do DF afastado, Ibaneis Rocha (MDB), o empresário Marcelo Perboni, a ex-esposa Luiza Tartuce, que tentará camuflar a compra do bem do ex-marido, e outros investidores locais que já demonstraram interesse no imóvel.

Composta por tudo que há de mais nobre e luxuoso em acabamento, a mansão milionária, deve sair com lance inicial de R$ 25 milhões.

As rádios de Wigão, Jovem Pan Brasília e Atividade, com dívidas milionárias caminham para o mesmo destino, a venda ou a perda das concessões. À família toda já estiveram sentados no banco de uma delegacia 21* na cidade satélite Taguatinga por agressão entre eles. Flávia e o ex preposto do Vigão, Rondinelli que atende pôr Roni, já estiveram na Polícia Federal chamados no inquérito. O delegado que está conduzindo o inquérito disse que até falsificação de assinatura tem envolvimento Flávia Tartuce.