Condenação de 15 anos foi anulada pelo TJDFT após defesa apontar suposta influência política no caso; julgamento está agendado para 2025
A primeira sessão do novo Tribunal do Júri do ex-deputado distrital Carlos Pereira Xavier, conhecido como Adão Xavier, 62 anos, foi agendada para 19 de fevereiro de 2025. O ex-parlamentar é acusado de encomendar o assassinato de Ewerton Ferreira, de 16 anos, em 2004. Apesar de ter sido condenado em 2015 a 15 anos de prisão, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) anulou a sentença em setembro deste ano, após surgirem novos elementos no processo.
O caso tramita no Tribunal do Júri do Recanto das Emas e a defesa de Xavier aponta supostas irregularidades na investigação. Um relatório policial e o depoimento do policial civil Adamastor Castro foram incluídos no processo, alegando que a investigação teria sofrido “contaminação política”. Segundo Adamastor, o indiciamento inicial de um dos autores como latrocínio foi alterado para homicídio, o que teria beneficiado interesses políticos do então suplente de Xavier, Wilson Lima.
Adamastor ainda afirmou que Lima, que assumiu a vaga de Xavier na Câmara Legislativa, seria próximo do delegado Mário Gomes, que posteriormente conduziu o caso. Além disso, a esposa de Gomes teria sido nomeada no gabinete de Lima após ele assumir o mandato.
Crime e motivação
De acordo com a denúncia, Xavier teria mandado matar Ewerton Ferreira ao acreditar que o adolescente mantinha um caso com sua esposa. Ele contratou Eduardo Gomes da Silva, conhecido como Risadinha, Leandro Dias Duarte e um adolescente para executar o crime, pagando R$ 15 mil pela ação.
O corpo de Ewerton foi encontrado com marcas de tiros próximo a uma parada de ônibus no Recanto das Emas. À época, Xavier era casado havia 14 anos, mas o relacionamento já enfrentava desgaste devido a supostos relacionamentos extraconjugais da esposa com adolescentes, incluindo a vítima.
Segundo o processo, o crime teria sido motivado pelo desconforto de Xavier com a situação. A relação entre sua esposa e o adolescente chegou ao fim após ameaças feitas contra a vítima.
Prisão e fuga
Condenado em 2015, Xavier obteve autorização do então ministro do STF, Ricardo Lewandowski, para responder ao processo em liberdade. Em 2022, a Vara de Execuções Penais do DF emitiu um mandado de prisão contra o ex-deputado, que ficou foragido por meses. Ele foi localizado e preso em fevereiro de 2024.
Com a anulação do julgamento e a nova decisão do TJDFT, Xavier foi solto em setembro e agora aguardará o novo júri em liberdade.