Presidente do grupo Hospital Daher recontrata médicos envolvidos na operação policial Mister Hyde
Por: Mino Pedrosa
O escândalo que abalou a capital, Brasília, na primeira fase da operação Mister Hyde, que resultou na prisão de médicos, foi deflagrado em setembro de 2016 pelo Ministério Público do DF (MPDFT) e pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O foco da operação era investigar uma máfia de profissionais de saúde que manipulava fraudulentamente órteses e próteses, envolvendo médicos e empresários do setor. De acordo com o relatório das investigações, o grupo foi acusado de fraudar planos de saúde, mutilar pacientes com cirurgias desnecessárias usando materiais vencidos e de baixa qualidade, superfaturar equipamentos e trocar próteses de forma fraudulenta.
Na segunda fase da operação, ocorrida em outubro de 2016, o alvo foi o Hospital Daher. Segundo as investigações, o dono da unidade de saúde, o médico e empresário José Carlos Daher, teria participação ativa no esquema. O MPDFT solicitou sua prisão temporária sob suspeita de destruição de provas, mas a solicitação foi negada pela Justiça. No entanto, o empresário de 71 anos foi detido por posse ilegal de uma pistola de uso restrito.
Também foram presos nesta fase da operação, entre outros, os médicos Carlos Wlademiro Leite Zanandrea e André Vasconcelos Castanho. Ambos tiveram a prisão decretada pelo Juízo da Segunda Vara Criminal de Brasília, e seus pedidos de Habeas Corpus, com liminar, foram negados.
O médico José Carlos Daher, dono do Daher, é também parceiro do médico traumatologista André Castanho em um empreendimento comercial. A base do negócio de André Castanho é uma empresa de vendas de próteses chamada Orthoset. Ele também é sócio oculto em outra empresa em Brasília, de maior porte, chamada Trauma Surgical.
A Trauma Surgical é conhecida por pagar propina a médicos e está proibida de fornecer para vários convênios e redes hospitalares maiores, como o grupo Santa e Rede D’or.
A pedido de André Castanho, seu sócio José Carlos Daher recontratou no Hospital Daher, como plantonista, o médico Carlos Zanandrea, que começou a trabalhar na segunda quinzena de julho deste ano. Zanandrea havia saído do quadro de colaboradores do hospital apenas três meses antes.
Os dois, próximos e trabalhando juntos, aguardam novas oportunidades de negócios.