Uma das ordens, emitida por Moraes em 7 de agosto, visava o bloqueio de perfis ligados ao blogueiro Allan dos Santos e ao senador Marcos do Val (Podemos-ES)
No domingo (dia 1º), o X, plataforma pertencente ao bilionário Elon Musk, revelou detalhes sobre a decisão sigilosa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que levou à suspensão “imediata, completa e integral” da rede social no Brasil. Do dia 7 de agosto até a ordem de suspender a rede social, no último dia 30, fatos que envolveram os blogueiros Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio foram cruciais para o embate atual entre o empresário e o STF.
A ordem, emitida por Moraes em 7 de agosto, visava o bloqueio de perfis ligados ao blogueiro Allan dos Santos e ao senador Marcos do Val (Podemos-ES). A medida foi uma resposta a uma suposta “campanha de intimidação” contra policiais federais. O grupo envolvido teria divulgado dados pessoais e fotografias dos policiais e de suas famílias nas redes sociais.
O relatório que acompanhava a decisão explicava: “Diversas pessoas aderiram à campanha de intimidação iniciada por Allan dos Santos, através do envio de e-mails anônimos, exposição de dados pessoais e publicações de fotografias dos policiais e/ou de seus familiares.”
A campanha de intimidação, conforme descrito, não se limitou ao ambiente virtual. Em 13 de julho, em Brasília, um macaco de pelúcia azul foi colocado no limpador do vidro traseiro do carro do delegado Fábio Alvarez Shor, uma tentativa de intimidar o servidor público. No dia seguinte, Marcos do Val publicou uma foto da adolescente Mariana Volf Pedro Eustáquio, filha do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio. A adolescente, de 16 anos, teve o celular apreendido por policiais federais durante uma operação que buscou coibir o uso das redes sociais de Mariana em favor do blogueiro.
De acordo com o processo, com a divulgação da imagem, Marcos do Val expôs o delegado a um escrutínio midiático. A postagem teve 260,8 mil visualizações.
Além disso, no dia 15 de julho, o site revistabrasil.net, seguindo a campanha iniciada por Allan dos Santos, publicou uma reportagem com a foto do delegado, destacando-o de forma negativa com o título “O Capataz de Alexandre de Moraes: Conheça o delegado Fábio Shor, que pune crianças e persegue Bolsonaro.”
Após esses acontecimentos, Moraes emitiu uma decisão para bloquear contas no X, em 7 de agosto, seguida de uma intimação ao X em 12 de agosto. A empresa não cumpriu a ordem, o que levou Moraes a determinar, em 16 de agosto, o cumprimento imediato da decisão sob pena de multa diária de 20 mil reais e possível prisão por desobediência.
Elon Musk anunciou o fechamento do escritório do X no Brasil em 17 de agosto, citando ameaças de prisão ao representante da empresa no país por parte do ministro Moraes. Em 28 de agosto, Moraes exigiu que o X apresentasse um novo representante legal em 24 horas. Com o prazo expirado em 29 de agosto, o STF decidiu pela suspensão “imediata, completa e integral” da plataforma no Brasil, efetivada em 30 de agosto.