Eduardo Bolsonaro está há 15 dias nos Estados Unidos

Deputado foca em articulações com a extrema direita e pressiona por ações contra o STF; ausência do parlamentar na Câmara gera críticas até mesmo no PL 

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem se dedicado a intensificar suas viagens aos Estados Unidos, com foco em questões políticas e internacionais. Desde o final de fevereiro, o deputado já está no país, em uma sequência de viagens que demonstra um crescente envolvimento com a política externa. Esta é a quarta visita de Eduardo ao território norte-americano em 2025, e a mais longa, com duração de 15 dias. O retorno ao país foi recente, após 48 horas no Brasil, com uma viagem de ida e volta marcada pela intensa agenda política.

Nas redes sociais, Eduardo tem utilizado seu perfil no Instagram para justificar a frequência de suas viagens e seu foco nos Estados Unidos. Em 2025, o parlamentar tem publicado mais sobre o país governado por Donald Trump do que sobre o Brasil. São 78 postagens tratando dos Estados Unidos, contra 51 sobre o Brasil e outros países, com destaque para temas relacionados a Israel e Venezuela. O nome de Trump aparece com frequência em seu feed, contrastando com a menor presença de imagens de Luiz Inácio Lula da Silva, que figuram em apenas 12 publicações.

Eduardo justifica seu tempo nos Estados Unidos como um esforço político, com o objetivo de denunciar o que considera uma “ditadura” no Brasil e de alertar para o que chama de perseguição a políticos conservadores. Ele se posiciona como defensor de Jair Bolsonaro (PL), acreditando na possibilidade de uma futura recuperação de seus direitos políticos e de sua candidatura nas eleições de 2026. Para isso, o apoio de autoridades americanas, incluindo a pressão sobre o governo brasileiro e o Supremo Tribunal Federal (STF), tem sido considerado essencial por Eduardo.

O deputado tem sido reconhecido por alguns colegas de Congresso como o “embaixador da direita”, articulando com políticos de extrema direita em outros países e discutindo estratégias para exercer pressão sobre o governo brasileiro. Porém, a postura de Eduardo também tem gerado controvérsias internas, principalmente no PL. Parlamentares do partido questionam a efetividade de uma possível pressão dos Estados Unidos sobre a Justiça brasileira e criticam a falta de presença de Eduardo no Congresso.

As críticas à sua ausência no Brasil e seu foco nas viagens internacionais são discretas, embora prevaleçam dentro do PL. Para líderes como Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Eduardo está cumprindo um papel importante nas articulações internacionais, embora essa agenda exija um tempo menor para o exercício de funções no Congresso.

Flávio Bolsonaro, irmão do deputado, minimiza as críticas e sugere que as reclamações são motivadas por inveja. Ele afirma que o trabalho de Eduardo traz benefícios para a direita no Brasil. Esse apoio também se reflete em manifestações de apoio a Eduardo, como o ato convocado no Rio de Janeiro, que inclui críticas à possível apreensão de seu passaporte por parte da Justiça.

Além das articulações políticas, Eduardo segue ativamente em suas redes sociais, destacando sua presença em eventos da extrema direita americana e suas reuniões com autoridades, como o senador republicano Shane David Jett e o governador de Oklahoma, Kevin Stitt. Ele também está promovendo manifestações contra a censura nos Estados Unidos, aproveitando para alternar suas postagens entre português e inglês, visando ampliar seu alcance.

Entre os projetos mais recentes, Eduardo foi crucial na aprovação de um projeto na Câmara de Deputados dos EUA que prevê sanções contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, por alegada violação da liberdade de expressão. Essa ação é um reflexo do lobby do deputado, que também tem se reunido com figuras influentes, como o embaixador americano Michael Kozak, para pressionar o governo brasileiro.

No entanto, o Partido dos Trabalhadores (PT) reagiu, acusando Eduardo de conspirar contra o governo e o Judiciário. A legenda protocolou no Conselho de Ética da Câmara um requerimento para apurar uma possível quebra de decoro parlamentar, alegando que o deputado articulou com os EUA a criação de uma legislação para impedir a entrada de Alexandre de Moraes no país.

Eduardo, por sua vez, defende-se da acusação e questiona a Procuradoria-Geral da República sobre a possibilidade de apreensão de seu passaporte. Além disso, ele tem insistido que está custeando suas viagens com recursos próprios, já que não há registro de gastos públicos com suas idas aos Estados Unidos.

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