Servidor de carreira, conhecedor profundos dos equipamentos que permitem rastrear veículos em tempo real é denunciado por operar na clandestinidade
Por Mino Pedrosa
O monitoramento clandestino utilizando a estrutura do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) colocou o servidor Francisco Joaquim Araújo Saraiva, mais conhecido como Saraiva, na mira do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) e da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). A Ouvidoria do DF e o MPDFT investigam suspeitas de desvios de conduta supostamente praticadas por Saraiva, que atualmente ocupa a chefia da Gerência de Controle Operacional de Trânsito (Gercop).
As denúncias revelam o modus operandi na clandestinidade, alegando que Saraiva teria monitorado políticos e adversários usando as estruturas do departamento, de acordo com oito denúncias feitas por servidores do órgão e por um empresário. Vale lembrar que Saraiva foi candidato derrotado nas eleições para uma vaga de distrital.
Uma das denúncias, registrada em 11 de março deste ano, afirma que Saraiva estaria se valendo do cargo e do acesso aos sistemas públicos de fiscalização para flagrar adversários em situações de delito no trânsito. “Não é razoável que alguém que se utiliza do cargo para perseguir políticos sem autorização legal esteja ocupando cargo com tamanho poder”, diz o documento registrado na Ouvidoria.
Em outra queixa registrada junto ao MP, sob a condição de anonimato por “receio de ataques”, em 25 de janeiro deste ano, o denunciante informa que o chefe da Gercop “vem utilizando-se ilegalmente de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis, sem a devida autorização legal, para monitorar agentes de trânsito”.
Segundo um empresário com contratos junto ao Detran, em denúncia anônima à Ouvidoria, Saraiva o convidou para uma reunião com o objetivo de tratar de aditivos contratuais. No entanto, durante o encontro, o diretor afirmou sua intenção em nova candidatura ao cargo de deputado nas próximas eleições, apresentou suas propostas e pediu apoio financeiro “imediato” para contratar uma consultoria para elaborar sua estratégia de ação política. “De forma alarmista, alegava haver uma ameaça comunista e que todas as empresas privadas deveriam se unir a candidatos de direita como ele”, afirma a denúncia.
“As margens de lucro obtidas com o contrato de minha empresa com o Detran já estão bem reduzidas e não temos condições de colaborar com os valores solicitados pelo Sr. Saraiva”, afirmou o empresário à Ouvidoria, temendo que o gerente busque criar alguma irregularidade no contrato de sua empresa para poder contratar outra que concorde com a sua candidatura.
Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o Detran respondeu aos questionamentos feitos por esta reportagem.