Denúncias revelam irregularidades no fornecimento de refeições a internos no DF

Contrato da Secretaria de Justiça e Cidadania com a empresa responsável por fornecer as refeições foi firmado em 26 de março, no valor de R$ 3,86 milhões, e cobre alimentos frescos e para dietas adaptadas

A Comissão Permanente de Fiscalização dos Contratos de Alimentação da Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal (Sejus-DF) investiga as denúncias sobre a qualidade da alimentação fornecida aos reeducandos em várias unidades de internação do DF. Entre as queixas estão a presença de baratas em lanches e marmitas de jantar com feijão estragado e odor azedo.

Os problemas com o serviço terceirizado foram apresentados e documentados em formato de imagens. A empresa responsável por fornecer as refeições atua nas unidades desde março deste ano.

Em um dos incidentes relatados na Unidade de Internação Feminina do Gama (UIFG), em 6 de maio, as internas encontraram uma barata em um pão de queijo destinado ao lanche. Vinte dias depois, a unidade recebeu marmitas com feijão estragado. Preocupados com a saúde das adolescentes, os servidores da UIFG optaram por não distribuir a comida e tentaram contato com a empresa fornecedora, que não enviou uma nova refeição.

Em 3 de abril, 17 adolescentes na Unidade de Internação de Planaltina (UIP) sofreram de diarreia após o jantar do dia anterior e precisaram de medicação. Mais tarde, em 7 de julho, 14 jovens da UIP reclamaram de feijão e macarrão estragados no jantar.

Outras unidades também relataram que os alimentos frequentemente chegam sem etiquetas de datas de fabricação e validade. Além disso, há constantes atrasos na entrega, com almoços sendo servidos após as 13h e jantares às 23h. A manutenção da temperatura adequada das marmitas e saladas também é frequentemente inadequada.

Descaso gera revolta

Recentemente, a Unidade de Internação de São Sebastião (UISS) encontrou 28 facas artesanais, conhecidas como stocks, em suas dependências. O armamento pode ser uma resposta dos internos às falhas na alimentação.

Os servidores temem que problemas na alimentação contribuam para motins ou rebeliões. A histórico de casos anteriores em que adolescentes reagiram agressivamente com a comida.

O contrato da Sejus com a Oliver Cozinha e Comércio de Alimentos, firmado em 26 de março, é no valor de R$ 3,86 milhões e cobre o período de abril a dezembro deste ano. O contrato prevê a preparação e fornecimento de refeições frescas, incluindo café da manhã, almoço, lanches, jantar, ceia e dietas especiais.

Em resposta às denúncias, a Sejus-DF reconheceu que podem ocorrer intercorrências no fornecimento de alimentos, mas afirmou que a empresa contratada havia corrigido todas as incongruências. A Secretaria destacou que a empresa ajustou o fluxo de entrega, substituiu alimentos e tomou outras medidas para assegurar a qualidade das refeições nas unidades socioeducativas e resolver problemas eventuais.

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