Delegado foi preso após denúncia de invasão de propriedade; no final de junho, ele havia conseguido um habeas corpus, que foi revogado no último dia 22
A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) decidiu reintegrar o delegado Ericson de Souza Tavares à prisão. A medida reverte a soltura de Ericson, que havia sido preso em flagrante em março e libertado em junho. Ele é investigado por extorsão mediante sequestro, ameaça e associação criminosa.
A decisão de prisão preventiva foi motivada por um vídeo publicado por Ericson em suas redes sociais no dia 28 do mês passado. No vídeo, que foi gravado em um carro de luxo, o delegado faz um gesto obsceno com o dedo médio e aparece ao som de um funk, ao lado de uma mulher. Após a publicação, o vídeo gerou grande repercussão negativa e foi removido da conta do Instagram de Ericson.
Os promotores do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Amazonas (MP-AM) argumentaram que o vídeo era uma afronta ao sistema judicial e uma demonstração de que Ericson estava desafiando a lei. Em sua decisão, a relatora Lúcia Cristina Nascimento da Costa Marques destacou que a atitude do delegado demonstrava desrespeito pelas investigações e pelas vítimas dos crimes que ele está sendo acusado.
Na noite de segunda-feira, Ericson se entregou na Delegacia Geral de Polícia Civil. Em sessão virtual realizada na mesma segunda-feira (22), os desembargadores da Segunda Câmara Criminal do TJ-AM acompanharam o voto da relatora, revogando a liminar anteriormente concedida e determinando a prisão preventiva do delegado. A decisão foi tomada com base no parecer ministerial que acompanhou a revisão do habeas corpus impetrado em favor de Ericson.
Contexto da Investigação
A investigação contra Ericson teve início em 23 de março, após uma denúncia de uma família em Manacapuru que teve a casa invadida por homens encapuzados. O grupo se identificou como policiais e levou duas pessoas. Durante as buscas subsequentes, a polícia identificou um dos veículos usados no sequestro e, ao abordá-lo, descobriu que os envolvidos eram o delegado e três outros policiais civis. Todos foram detidos e tiveram prisão preventiva decretada em 25 de março.
Além dos quatro policiais, outros cinco PMs e duas pessoas não ligadas à polícia foram identificados e detidos em Novo Airão. Com o grupo de Ericson, foram apreendidos coletes à prova de balas, carregadores, munições, celulares e armas de grosso calibre.