A defesa do coronel pede que Moraes determine o fornecimento dos arquivos extraídos do celular do militar
A defesa do coronel Jorge Eduardo Naime, réu na ação penal sobre os atos de 8 de janeiro de 2023, acusa o Supremo Tribunal Federal (STF) de dificultar o acesso a documentos extraídos do celular do próprio investigado.
Em um pedido encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, os advogados afirmam que enfrentam “dificuldades” para obter provas que consideram “essenciais à defesa”, mas que também interessariam à acusação.
A reclamação da defesa escancara mais um capítulo da opacidade processual imposta pelo STF em casos relacionados ao 8 de janeiro. Mesmo após buscar acesso aos documentos por meio da Secretaria do Supremo, Habeas Data e outras medidas, os advogados alegam que continuam barrados.
“A defesa mais uma vez está enfrentando limitação da sua atuação. Os direitos do defendente estão sendo cerceados”, acusa a petição enviada ao ministro Moraes.
O que a defesa exige?
A defesa do coronel pede que Moraes determine o fornecimento dos arquivos extraídos do celular do militar, incluindo:
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Cópia completa dos documentos extraídos do aparelho;
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Registros detalhados da extração, incluindo metadados e pastas digitais;
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Conversas coletadas dos grupos Águia e ADIDOP, citados no processo;
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Imagens forenses obtidas do celular;
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Caso o STF não tenha esses arquivos, que a Polícia Federal seja acionada para fornecê-los.
O pedido expõe uma contradição: se as provas foram coletadas e estão sendo usadas contra Naime, por que a defesa não pode acessá-las?
O histórico do coronel
Naime é um dos sete policiais militares do Distrito Federal que se tornaram réus no STF sob a acusação de “proposital omissão” nos atos de 8 de janeiro.
Na época, era comandante do Departamento de Operações da PMDF, mas estava de folga no dia. Ainda assim, foi ao local e chegou a realizar prisões.
Apesar disso, foi preso preventivamente por 461 dias, permanecendo detido até maio de 2024, quando Moraes determinou sua liberdade provisória, alegando que a prisão não era mais necessária, já que o coronel havia sido transferido para a reserva remunerada — equivalente à aposentadoria para militares.
Atualmente, Naime cumpre medidas cautelares, como tornozeleira eletrônica, e obteve autorização para realizar a prova da OAB, com vistas a atuar como advogado.