O advogado de Roberto Mantovani analisou as imagens utilizadas pela PF que fundamentaram a denúncia da PGR; ele alegou que as agressões foram iniciadas pelo advogado Alexandre Barci, filho do ministro
A defesa de Roberto Mantovani, acusado de supostamente hostilizar o ministro Alexandre de Moraes e seus familiares no aeroporto de Roma, alega que um trecho das imagens captadas pelo sistema de vídeo do terminal foi omitido no material anexado ao inquérito. A parte do registro em questão mostraria que Mantovani foi agredido primeiro pelo advogado Alexandre Barci, filho do ministro, com um “tapa na nuca”.
A conclusão está presente em um laudo enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) na segunda-feira (26), assinado pelos peritos independentes Mauricio Tadeu dos Santos (relator) e Ricardo Molina (revisor). Segundo o documento, “essa cena, de extrema relevância, mostra uma agressão praticada por Alexandre Barci contra Roberto Mantovani, consistindo em um tapa na nuca. Portanto, houve uma agressão anterior ao gesto de Roberto Mantovani, que, nas imagens de vídeo, levanta o braço em um movimento instintivo de defesa, tocando nos óculos de Alexandre Barci”.
Nos documentos entregues ao STF, a defesa afirmou que, após repetidos pedidos, foi autorizada a visualizar o material nas dependências do tribunal. O advogado Ralph Tórtima Filho, que representa Mantovani, ressaltou que a situação é inédita do ponto de vista técnico-pericial, pois foi permitida apenas a visualização dos vídeos, sem que os peritos da defesa pudessem obter uma cópia ou capturas de frames de relevância pericial.
Após visualizar o material, foi elaborado um laudo de 12 páginas que contradiz o relatório produzido pela PF, documento que fundamentou a denúncia da PGR. A defesa ainda destaca que não foi Roberto Mantovani quem desferiu um tapa no rosto do filho do ministro Alexandre de Moraes, mas sim Alexandre Barci de Moraes que desferiu um tapa na nuca de Roberto, surpreendendo-o, o que fez com que Mantovani levantasse a mão em um movimento de defesa, tocando nos óculos do agressor.
Relembre o caso
Em julho, Mantovani foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob acusação de calúnia, injúria e injúria real, esta última ocorrendo quando a ofensa envolve violência. Também foram denunciados a esposa de Mantovani, Andreia Munarão, e o genro, Alex Zanatta Bignotto, por calúnia e injúria. Na época, a defesa dos acusados insistiu na necessidade de acesso às cenas captadas pelas câmeras de segurança do aeroporto italiano, mantidas em sigilo por decisão do STF. “Com essas imagens, a verdade será restabelecida e tudo será devidamente esclarecido, alcançando-se a tão desejada justiça”, declarou o advogado.
A confusão no aeroporto de Roma ocorreu em julho do ano passado, quando o ministro Alexandre de Moraes acionou a PF relatando hostilidade contra ele e sua família na Itália. A polícia abriu inquérito para investigar as circunstâncias da abordagem e uma possível agressão ao filho do ministro. Após o episódio, o empresário Roberto Mantovani foi alvo de um mandado de busca e apreensão.