Davi Alcolumbre destina R$ 15 milhões a ONG ligada a assessor

O MPF (Ministério Público Federal) instaurou um inquérito civil em 2024 para apurar irregularidades na contratação da ONG e na subcontratação de empresas privadas

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), direcionou cerca de R$ 15 milhões em emendas parlamentares para um programa gerenciado por uma ONG que tem fortes ligações com um de seus principais assessores.

O dinheiro foi destinado ao programa Mais Visão, criado pelo próprio senador em 2019 e amplamente utilizado como vitrine eleitoral em sua campanha de 2022.

A entidade religiosa Capuchinhos, responsável pela execução do programa em Macapá, é coordenada por Maria Ivanete Campos Mendes, mãe de Pedro Jorge Delgado, filho de Jardel Adailton Souza Nunes, assessor direto de Alcolumbre e chefe do gabinete do senador no Amapá.

Jardel Nunes, que ocupa um cargo com salário de R$ 29,4 mil, mantém proximidade com a ONG e sua direção. Fotos e publicações em redes sociais escancaram os laços familiares entre os envolvidos, evidenciando um claro conflito de interesses.

Conflito de interesses

O Mais Visão foi suspenso pelo Ministério Público do Amapá (MP-AP) em 2023, após uma série de complicações em cirurgias que deixaram mais de cem pacientes cegos. Mesmo assim, o programa seguiu recebendo verbas públicas.

O MPF (Ministério Público Federal) instaurou um inquérito civil em 2024 para apurar irregularidades na contratação da ONG e na subcontratação de empresas privadas.

A Capuchinhos, originalmente registrada como uma organização religiosa, só alterou seu cadastro para atividades médicas em 2023, quatro anos após começar a operar o programa. Além disso, a entidade subcontratou a empresa privada Saúde Link para executar os serviços.

Histórico de irregularidades

Jardel Nunes, assessor de Alcolumbre, já responde a um processo por improbidade administrativa desde 2021. Quando ocupava o cargo de secretário de Saúde do Amapá, foi acusado pelo MPF de autorizar pagamentos por obras inexistentes em um hospital, causando um prejuízo de R$ 3,8 milhões aos cofres públicos.

Confrontado sobre o escândalo, Alcolumbre adotou a tática de se esquivar, classificando os questionamentos como uma tentativa de “envolver seu nome em fatos particulares de terceiros”, negando qualquer conflito de interesses.

O senador também tentou minimizar a relação entre seu assessor e a ONG, ignorando os vínculos entre as partes.

O governo do Amapá, por sua vez, justificou a escolha da ONG sob o argumento de “relevantes serviços prestados”, enquanto a própria entidade negou a terceirização dos serviços, apesar das evidências contrárias.

Enquanto isso, Jardel Nunes se mantém em silêncio, sem responder às tentativas de contato da imprensa.

Fatos Online

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