Crise na saúde pública de Goiânia: prefeitura é investigada pelo MPGO

Falta de recursos suspende serviços essenciais, enquanto esquema de corrupção na Secretaria de Saúde deixa prejuízo milionário e afeta pacientes do SUS

A saúde pública de Goiânia enfrenta uma grave crise durante a gestão do prefeito Rogério Cruz (Solidariedade). A suspensão de serviços essenciais, como o home care, causada pela falta de pagamento às empresas responsáveis, é apenas um dos inúmeros problemas que afetam a capital. Três maternidades públicas interromperam atendimentos eletivos repetidamente neste ano devido à escassez de recursos. Além disso, a falta de insumos básicos e a ausência de leitos de UTI resultaram na morte de ao menos cinco pessoas nas últimas semanas.

Em coletiva à imprensa nesta quarta-feira (27), Cruz minimizou a crise, afirmando que os pagamentos municipais seguem ordem cronológica, com prioridades definidas por cada secretaria. O prefeito reforçou que está empenhado em buscar soluções: “Dizem que joguei a toalha. Não joguei a toalha. Não sou de jogar a toalha. Sou uma pessoa muito determinada”, afirmou.

Secretário de Saúde é preso

Ainda na quarta-feira, o Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrou a operação Comorbidade, que resultou na prisão do secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, do diretor financeiro da pasta, Bruno Vianna, e do secretário executivo, Quesede Ayres. Eles são investigados por supostos pagamentos irregulares em contratos administrativos e por associação criminosa.

Durante a operação, que incluiu três mandados de prisão temporária e oito de busca e apreensão, os agentes apreenderam R$ 20.085 em espécie na casa de um dos investigados. Segundo o MPGO, os presos formavam uma associação para a prática reiterada de crimes, incluindo concessão de vantagens indevidas em contratos e pagamentos fraudulentos, gerando prejuízos à administração pública.

O Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) já havia determinado o afastamento de Pollara por três meses, em julho, por suspeita de má-fé em contratações para o Samu.

Secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, e outros dois gestores da pasta foram presos na manhã de quarta-feira

Pacientes e rede pública gravemente afetados

A investigação revelou que o esquema criminoso impactou diretamente a população. Verbas destinadas a entidades do terceiro setor, como a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), deixaram de ser repassadas, gerando um débito de R$ 121,8 milhões junto a fornecedores.

A crise de gestão, segundo o MPGO, comprometeu a assistência hospitalar, resultando em interrupções de serviços essenciais, falta de leitos, descumprimento de decisões judiciais e irregularidades em contratações. O órgão classifica a situação como uma “violação massiva de direitos fundamentais”, atingindo especialmente os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Mudanças na gestão e resposta oficial

Em meio à turbulência, Cynara Mathias Costa foi nomeada como a nova secretária municipal de Saúde. Em nota, a Prefeitura de Goiânia afirmou estar colaborando com as investigações conduzidas pelo MPGO.

A crise, entretanto, continua expondo as fragilidades na gestão da saúde pública da capital, deixando a população sem respostas imediatas para problemas que comprometem direitos básicos, como o acesso à saúde e à vida.

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