Pior resultado foi registrado em 2020, quando o déficit atingiu R$ 165,14 bilhões (ajustado pela inflação) durante o auge da pandemia de Covid-19
O governo central — que engloba as contas do Tesouro Nacional, a Previdência Social e o Banco Central — registrou um déficit primário de R$ 61 bilhões em maio deste ano, de acordo com dados divulgados pela Secretaria do Tesouro Nacional nesta quarta-feira (26). Esse valor representa um aumento em relação ao déficit de R$ 45 bilhões registrado em maio de 2023. O déficit primário ocorre quando as despesas superam as receitas, sem considerar os juros da dívida pública.
De acordo com a série histórica do Tesouro Nacional, iniciada em 1997, este é o segundo pior resultado para o mês de maio, ficando atrás apenas de 2020, quando o déficit atingiu R$ 165,14 bilhões (ajustado pela inflação) durante o auge da pandemia de Covid-19.
Em maio de 2024, a receita líquida totalizou R$ 164,49 bilhões, enquanto as despesas somaram R$ 225,47 bilhões. Em comparação com maio de 2023, houve um aumento de R$ 13,5 bilhões (9%) na receita líquida e um crescimento de R$ 27,7 bilhões (14%) nas despesas. O aumento na receita líquida foi impulsionado principalmente pelo aumento de R$ 1,5 bilhão no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), de R$ 10,1 bilhões no Imposto sobre a Renda (IR), de R$ 4,1 bilhões na Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), de R$ 1,1 bilhão no PIS/Pasep e de R$ 3,4 bilhões em outras receitas administradas pela Receita Federal.
Por outro lado, o crescimento das despesas totais foi impulsionado principalmente pelos benefícios previdenciários, que aumentaram R$ 24,4 bilhões devido a mudanças no calendário de pagamento e à antecipação do 13º salário dos aposentados do INSS para abril, o que concentrou os pagamentos em maio.
O governo central, composto pelo Tesouro Nacional, Banco Central (BC) e Previdência Social, registrou um superávit de R$ 44,5 milhões no Tesouro Nacional e no BC, enquanto a Previdência Social apresentou um déficit primário de R$ 61 bilhões. Em abril deste ano, as contas do governo central registraram um superávit primário de R$ 11,082 bilhões, ante um superávit de R$ 15,640 bilhões em abril de 2023, em valores nominais.
Durante coletiva de imprensa, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que o Brasil está em um processo de recuperação fiscal, destacando indicadores positivos como taxas de desemprego próximas das mínimas históricas, aumento das rendas das famílias e controle da inflação. “Estamos em um ciclo extremamente saudável. Estamos em um processo de recuperação fiscal”, concluiu Ceron.
Banco Central
Esta semana, o Banco Central informou que o Brasil registrou um déficit de US$ 3,4 bilhões na conta corrente em maio, marcando o maior rombo para o mês desde 2022, quando o saldo negativo foi de US$ 4,269 bilhões. Em abril deste ano, o déficit nas transações correntes foi de US$ 2,868 bilhões.
O resultado de maio superou a mediana das projeções do Broadcast, que previa um déficit de US$ 3,050 bilhões. As estimativas do mercado variavam de um déficit de US$ 5,70 bilhões a um superávit de US$ 800 milhões.
A balança comercial apresentou um superávit de US$ 6,357 bilhões em maio, segundo a metodologia do Banco Central. No entanto, a conta de serviços registrou um déficit de US$ 4,482 bilhões, e a conta de renda primária ficou negativa em US$ 5,230 bilhões. A conta financeira também apresentou um déficit de US$ 4,564 bilhões.
No acumulado de 2024 até maio, o déficit na conta corrente soma US$ 21,094 bilhões. Nos últimos 12 meses, o déficit alcançou US$ 40,148 bilhões, equivalente a 1,79% do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o último Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, a expectativa é que o déficit em conta corrente chegue a US$ 48 bilhões este ano, representando 2,1% do PIB.