Ciro Gomes critica Moraes por uso informal da Justiça Eleitoral

Ciro explicou que sua análise foi motivada pela grande quantidade de pedidos que recebeu sobre o vazamento das mensagens trocadas entre Moraes, seus assessores do STF e membros do TSE

Nesta quarta-feira (21), o ex-governador do Ceará e ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que ele tem utilizado a Justiça Eleitoral de maneira informal para sustentar inquéritos criminais em andamento contra bolsonaristas. Segundo Ciro, essas práticas resultam em nulidades nos processos.

“Desde 2019, Moraes transformou o Inquérito das Fake News em um processo interminável, o que considero uma verdadeira ‘questão do fim do mundo’. Com o devido respeito, isso não pode ser classificado como direito. É incorreto e está produzindo nulidades, o que pode até assegurar a impunidade dos envolvidos”, declarou Ciro, referindo-se ao inquérito iniciado há cinco anos.

As declarações foram feitas em um vídeo postado nas redes sociais para o programa online “O Brasil Desvendado”. Na legenda do vídeo, Ciro explicou que sua análise foi motivada pela grande quantidade de pedidos que recebeu sobre as reportagens da Folha que revelaram o caso. Ele criticou a falta de formalidade nas investigações, afirmando que os envolvidos ainda não foram formalmente indiciados, julgados e não tiveram acesso a ampla defesa. Ciro também recordou uma declaração de Moraes de que seria “esquizofrênico” o ministro, na época presidente do Tribunal Superior Eleitoral, se auto-oficiar.

“Estamos há quase seis anos com esse processo. Durante esse tempo, o ministro acumulou dois cargos. Mesmo que ele considere essa situação como esquizofrênica, o julgamento pode demorar anos, e os documentos informais permanecerão como registro das tramitações”, afirmou Ciro.

Ele também mencionou que a autoridade de Moraes está sendo enfraquecida na opinião pública e sugeriu que a imparcialidade do ministro está em risco. Ciro fez uma analogia com o futebol: “Ele executa o lateral, faz o gol de cabeça, valida o lance como juiz e ainda faz a revisão no VAR.”

Ciro defendeu que o Inquérito das Fake News seja encerrado para que a situação retorne à normalidade.

Os jornalistas da Folha tiveram acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp entre assessores de Moraes, incluindo seu principal assessor no STF e outros membros da sua equipe no TSE e no Supremo. Segundo a reportagem, as ordens para o ex-chefe do órgão de combate à desinformação do TSE eram dadas informalmente.

Os assessores de Moraes estavam cientes dos riscos dessa informalidade. O juiz Airton Vieira expressou preocupação em áudios, destacando que a informalidade poderia parecer evidente: “Como um juiz instrutor do Supremo pode fazer um pedido a alguém no TSE, e essa pessoa, sem mais nem menos, obedecer e enviar um relatório? Isso fica muito explícito.”

Investigação

No início da semana, Moraes abriu um novo inquérito para investigar o vazamento de mensagens entre seus assessores e ex-auxiliares do TSE. Os detalhes da investigação estão sob sigilo.

Como parte da apuração, a Polícia Federal convocou Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, a depor nesta quinta-feira (22) em São Paulo. A esposa de Tagliaferro também foi chamada para prestar depoimento.

Fatos Online

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on telegram