No Distrito Federal, o polêmico certame de R$ 6 bi em dez anos no SLU para nas barras do tribunal, que pode permitir que as empresas licitadas permaneçam com os contratos por mais tempo
Por Mino Pedrosa
Algumas pessoas veem o lixo como algo desprezível; outros, no entanto, enxergaram o luxo do lixo, que até se tornou enredo de escola de samba. Porém, há aqueles que veem no lixo a oportunidade perfeita de lucrar bilhões com o que a sociedade descarta em lixões e aterros sanitários.
Correu à boca pequena sobre uma licitação bilionária no Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU). A licitação contou com a participação de dezenas de empresas, inclusive multinacionais, interessadas em abocanhar o precioso lixo da capital da República, que hoje está nas mãos das empresas Valor Ambiental, Sustentare e Suma Brasil.
Acontece que, diante de bilhões de reais em jogo, o trio à frente em Brasília provocou o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) por intermédio da Conselheira Anilcéia Luzia Machado, a fim de travar o certame e permanecer o máximo de tempo possível à frente dos serviços no SLU.
Uma divergência em questões trabalhistas e salariais foi detectada pelo TCDF, o que fará com que a licitação seja discutida durante anos, resultando em investimentos em contratos emergenciais, beneficiando justamente a Valor Ambiental, a Sustentare e a Suma Brasil.
O “trio ternura” não mede esforços para manter o contrato em mãos, e a manobra ardilosa vem surtindo efeito. Enquanto isso, a Secretaria de Projetos Especiais do Governo do Distrito Federal (GDF) está finalizando um projeto para criar três usinas de reaproveitamento de resíduos sólidos no DF. Esses projetos estão na casa dos bilhões.
Nos bastidores, o representante do sindicato dos trabalhadores do SLU age fortemente para desafogar o certame com a licitação de origem. Os auditores do TCDF estão em conflito com os auditores do SLU. O presidente do SLU, Luiz Felipe Cardoso de Carvalho, procura fazer a política da boa vizinhança, atendendo aos anseios das empresas que atualmente possuem os contratos.
Curiosamente, desta vez, o sindicato está do lado dos patrões, torcendo pela permanência das atuais empresas.