Caos na Saúde do DF se agrava com falta de anestesistas

Falta de anestesistas tem sido uma questão recorrente nos últimos três anos, o que afeta pacientes que precisam passar por cirurgias

A situação da Saúde no Distrito Federal tem se agravado e, a cada capítulo, aparece um novo problema que ameaça a operacionalização do sistema. Entre os casos mais recentes, o Hospital Universitário de Brasília (HUB) enfrenta a necessidade de cancelar cirurgias diariamente devido à escassez de anestesistas em seu quadro de profissionais.

Atualmente, o HUB, que faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS), conta com 29 anestesistas. O número está aquém do necessário para atender adequadamente à demanda do hospital, que deveria ter 47 anestesistas, o que representa uma necessidade de 62% a mais em relação ao total atual. O número ideal considera a distribuição de 12 anestesistas em cada período, além de profissionais adicionais para cobrir férias, abonos e atestados, e dois disponíveis para todos os procedimentos do hospital. Em julho, devido à falta de anestesistas, 59 procedimentos foram cancelados.

O HUB é uma das poucas instituições no Distrito Federal a oferecer procedimentos especializados que exigem sedação, como cirurgias oncológicas complexas e procedimentos hemodinâmicos e endoscópicos de grande porte.

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que administra o HUB, informou que os cancelamentos de última hora ocorrem devido a atestados médicos e outros afastamentos legais dos anestesistas. A empresa, vinculada ao Ministério da Educação, acrescentou que as salas cirúrgicas disponíveis estão atendendo à demanda do hospital, preservando a qualidade dos atendimentos.

A carência de anestesistas é um problema antigo. A falta de anestesistas tem sido uma questão recorrente nos últimos três anos. De acordo com os colaboradores da unidade, há dias em que não há anestesista disponível nem mesmo no plantão, o que impossibilita a realização de cirurgias de urgência, um problema frequente. A ausência de anestesistas em um hospital como o HUB, com alta complexidade cirúrgica, resulta em suspensões semanais de cirurgias eletivas para pacientes em lista de espera.

O HUB possui 29 anestesistas, sendo que alguns são médicas gestantes que, por lei, não podem atuar diretamente com pacientes e ficam em trabalho administrativo. Outros não atuam em sala de cirurgia. O hospital dispõe de seis salas para cirurgias eletivas e uma para operações de emergência, além de outros quatro setores onde pacientes recebem cuidados de um anestesista.

Justificativa

O Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB/Ebserh) conta atualmente com 29 anestesistas, com jornadas semanais de 20h (6 anestesistas), 24h (21 anestesistas) e 40h (2 anestesistas). No primeiro semestre de 2024, foram realizadas 1.730 cirurgias nas diversas especialidades atendidas no HUB-UnB/Ebserh.

A nota oficial da instituição informa que alguns cancelamentos de última hora ocorrem devido a atestados médicos e outros afastamentos legais da equipe de anestesistas. Apesar dos desafios enfrentados, as salas cirúrgicas disponíveis atendem à demanda do hospital e mantêm a qualidade dos atendimentos. O HUB-UnB/Ebserh está se esforçando para ampliar a equipe com a contratação de mais anestesistas, refletindo o compromisso da instituição em garantir uma equipe adequada para atender à demanda e manter a qualidade dos serviços prestados.

Além disso, médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) no Distrito Federal estão considerando uma greve nos próximos dias. O Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico-DF) convocou uma assembleia geral extraordinária para 14 de agosto, onde também será discutida a campanha salarial da categoria.

O presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho, afirmou que o sindicato tem buscado negociar a revisão do plano de carreira, cargos e salários (PCCS) com o governo do Distrito Federal (GDF) desde 2018, sem sucesso. Fialho destacou que essa revisão é essencial para tornar a carreira médica no serviço público mais atraente e melhorar as condições de trabalho nas unidades públicas de saúde do DF, além de garantir melhor assistência aos usuários do SUS.

O sindicato também informou que apresentou suas queixas a autoridades do Executivo e do Legislativo local, mas o tema não foi incluído nas discussões. Além disso, foi solicitado ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que medie as negociações, mas o governo não designou um representante com capacidade real de negociação para as reuniões.

O SindMédico-DF concluiu que, sem resposta do governo e com a crescente defasagem salarial, a Secretaria de Estado de Saúde do DF enfrenta dificuldades para contratar médicos aprovados em concurso. Isso resulta em sobrecarga de trabalho, adoecimento e redução da qualidade da assistência à saúde da população.

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