Deputado Daniel Donizet se escora no corporativismo de seus pares e solta os cachorros para intimidar as vítimas de abusos sexuais
Por: Mino Pedrosa
Algo de podre paira sobre a Câmara Legislativa do Distrito Federal. O corporativismo no comportamento omissivo dos parlamentares responsáveis pelo acolhimento nas denúncias de crime contra mulheres, servidoras da Casa, e até acompanhante de luxo, demonstra que a morosidade no trâmite interno até o afastamento do parlamentara caba facilitando as práticas de outros crimes, a exemplo, de coação de vítimas e testemunhas fazendo pressão com monitoramento ostensivo às vítimas que procuram o direito e proteção da Justiça.
Foi protocolado no dia 15 de agosto um pedido de investigação à Mesa Diretora, sob o comando do presidente Wellington Luiz, que ainda adormece no fundo da gaveta. Curiosamente, o PL Mulher tomou providências ao abrir uma sindicância interna a fim de expulsar o deputado distrital Daniel Xavier Donizet dos quadros da legenda.
Com isso, uma conversa de pé de ouvido, do presidente nacional do partido, convenceu Donizet de se adiantar e pedir a sua saída da sigla junto ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral). Dessa forma, o MDB, partido do presidente da CLDF, trabalha para ingressar o distrital que ainda não foi investigado pela Casa Legislativa.
Segundo o presidente Wellington Luiz, o rito começa a partir da documentação requisitada pela Procuradora da Mulher Janie Klébia à Polícia Civil do DF e ao Ministério Público local. Este portal teve fácil acesso a depoimento de vítimas de assédio praticado pelo parlamentar e seu assessor direto. Mesmo assim, Jane Klebia, do MDB, aguarda com paciência oriental a boa vontade da PCDF de onde a parlamentar é oriunda.
O estranho é que Jane Klebia, quando foi denunciada por um prestador de serviço na sua campanha eleitoral, utilizou-se de mão de ferro e de seu distintivo de xerife (delegada) para obter processos que corriam em sigilo (Maria da Penha) contra o denunciante que foi à Justiça lhe cobrar o pagamento dos serviços prestados, já que, segundo ele, a promessa de emprego nunca se realizou.
Acontece, que a inércia da Câmara provoca atitudes do deputado que sai em busca de calar as vítimas usando os servidores subordinados a ele. O monitoramento ostensivo nas vítimas, procurando intimidar, começa a gerar processos, expondo ainda mais o lado agressivo e ameaçador do distrital Daniel Donizet, que não se empenha em esconder os rastros.
Mesmo se dizendo inocente, após várias mulheres relatarem situações de agressões sofridas pelo distrital e por servidores ligados ao gabinete parlamentar, servidores da Câmara Legislativa do Distrito Federal e do Governo do Distrito Federal ligados ao deputado monitoram e intimidam, pelo menos, duas das vítimas que procuraram o MPDFT para denunciar o comportamento criminoso do dito defensor dos animais irracionais.
O portal Fatos Online obteve com exclusividade vídeos da intensa abordagem de funcionários ligados a Daniel Xavier Donizet contra a vítima Fabrícia Morais Ramos Dias, inclusive, no edifício onde se encontra o escritório do advogado de duas vítimas.
O depoimento de Fabrícia Dias, ex-servidora da administração regional do Gama, local onde Daniel Donizet exerce influência, foi colhido pelo Núcleo de Direitos Humanos do MPDFT no dia 19 de julho deste ano, como relevado pelo portal, e está sob investigação na 14ª Delegacia do Gama.
Em um pedido formal, também obtido com exclusividade pela reportagem e enviado à coordenadora da Promotoria de Justiça do Gama, Vyvyane Nascimento Gular, o advogado da vítima pede “providências” ao órgão e afirma que a atual administradora do Gama, Joseane Araújo Feitosa Monteiro “passou a coagir Jéssica (uma outra vítima de Daniel Donizet) para desmentir o depoimento prestado por Fabrícia junto ao MPDFT”.
Como revelado por este site, Jéssica é citada no depoimento de Fabrícia após ter sido, segundo a denúncia, drogada pelo parlamentar e tido relações não consentidas com Daniel Donizet. Jéssica, contudo, ainda é servidora na administração do Gama e tem sido abordada constantemente por funcionários ligados ao distrital agressor que prometem até promoções.
Segundo o documento oficial, a confirmação do depoimento de Fábricia por Jéssica ocorreu no dia 17 de agosto de 2023, quando a ainda servidora “confirmou os assédios sofridos perpetrados pelo deputado, bem como narrou a coação sofrida por parte da administradora regional”.
Imagens das câmeras de segurança do dia 15 de agosto do edifício empresarial onde se localiza o escritório do advogado Jose da Silva Neto, mostram servidores do gabinete da CLDF “cercando e batendo fotos” dos veículos das vítimas.
A serviço de Daniel Donizet estavam Cleiber de Faria Paiva, conhecido como Pudim, Ellen Cristina de Souza, Douglas Antônio de Oliveira Carneiro e Lívia Torres Braga Brasil.
Às 14h45m de 15 de agosto, as servidoras do gabinete do parlamentar Ellen Cristina e Lívia Torres foram “até a portaria do prédio e mostraram para o porteiro Paulo a foto de Jéssica e Fabrícia, e lhe perguntaram se elas haviam entrado no ressinto”.
Ao constatarem as abordagens, Jéssica pediu para que seu namorado fosse buscar o carro que estava sendo fotografado por um “homem e duas mulheres”.
Já o servidor Douglas Antônio Carneiro chegou a entrar no edifício passando informações falsas, segundo relatou o advogado da vítima. Douglas, porém, é alvo de um processo de violência doméstica no Tribunal de Justiça do Goiás. Devido ao monitoramento próximo de servidores da CLDF contra as vítimas, o advogado também pediu a abertura de um procedimento de apuração na Corregedoria do parlamento local.