Ex-presidente presta esclarecimentos como testemunha de defesa de Silvinei Vasques, alvo de processo administrativo por conduta nas eleições de 2022
O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento nesta terça-feira (5) à Controladoria-Geral da União (CGU) como testemunha de defesa do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. O processo administrativo investiga a conduta de Vasques durante as eleições de 2022 e tramita sob sigilo. A medida pode resultar em uma advertência ou até na perda da aposentadoria de Silvinei, que é de cerca de R$ 16,5 mil.
Homem de confiança de Bolsonaro, Silvinei Vasques comandou a PRF de abril de 2021 até dezembro de 2022. A presença de Bolsonaro na CGU foi determinada pela desembargadora Ana Cristina Ferro Blasi, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que decidiu que o ex-presidente deveria esclarecer sua posição oralmente, e não por escrito, conforme solicitado pela comissão da CGU.
O tribunal ressaltou que uma lei de 1990, que regula o regime jurídico dos servidores públicos, determina que depoimentos em processos administrativos disciplinares devem ser feitos oralmente. Bolsonaro participou do depoimento por videoconferência.
Silvinei Vasques tornou-se alvo de investigação após ter feito declarações públicas pedindo votos para Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2022. Além disso, ele presenteou o então ministro da Justiça, Anderson Torres, com uma camisa do Flamengo que exibia o número 22, utilizado por Bolsonaro nas urnas.
No dia do segundo turno das eleições, bloqueios realizados pela PRF no Nordeste, onde Lula tinha ampla vantagem, dificultaram o acesso de eleitores às seções eleitorais. Esse episódio é objeto de outra investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes.
Em agosto do ano passado, Moraes determinou a prisão preventiva de Silvinei a pedido da Polícia Federal, que alegou riscos de comprometimento das investigações e interferência em depoimentos sobre o uso da corporação em favor de Bolsonaro. A prisão foi revogada um ano depois, mas Silvinei foi colocado sob monitoramento por tornozeleira eletrônica e proibido de usar redes sociais.
A gestão de Silvinei Vasques na PRF foi marcada por episódios controversos, incluindo a morte de Genivaldo de Jesus por asfixia em uma viatura da PRF e a chacina na Vila Cruzeiro, que resultou em 23 mortes durante uma operação conjunta com o Bope. Além disso, os bloqueios em rodovias durante o segundo turno das eleições contribuíram para a deterioração da imagem da corporação.