Ex-presidente também comentou planos para 2026 e reafirmou a possibilidade de buscar refúgio em embaixadas, caso seja preso
Em uma entrevista concedida na noite desta quinta-feira (28), o ex-presidente Jair Bolsonaro reafirmou a possibilidade de utilizar dispositivos da Constituição para justificar suas ações durante o período pós-eleitoral, inclusive discutindo com os comandantes das Forças Armadas a decretação de estado de sítio, estado de defesa e a invocação do artigo 142, que trata da ação militar. Bolsonaro alegou que “o que está dentro da Constituição você pode utilizar”, rebatendo as acusações de que teria arquitetado um golpe de Estado, motivo pelo qual foi indiciado pela Polícia Federal.
Segundo depoimentos de ex-chefes do Exército e da Aeronáutica, Bolsonaro teria apresentado planos para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com uma reunião que abordou esses temas. O ex-presidente, por sua vez, minimizou a conversa, descrevendo-a como uma discussão “não acalorada”.
Além disso, Bolsonaro voltou a defender uma proposta de “anistia” para aqueles investigados por tentativa de golpe, sem especificar os casos. Ele argumentou que, para “pacificar” o país, tanto o presidente Lula quanto o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes poderiam se posicionar a favor da medida. Para Bolsonaro, essa ação resolveria a situação de maneira definitiva.
“Se tivesse uma palavra do Lula ou do Moraes sobre anistia estava tudo resolvido”, afirmou.
Embaixada e refúgio
Bolsonaro também comentou o episódio no início deste ano, quando passou duas noites na embaixada da Hungria em Brasília, após a apreensão de seu passaporte durante as investigações da PF. O ex-presidente afirmou que foi à embaixada “para conversar, e ponto final”. Em outra entrevista, ao portal Uol, Bolsonaro não descartou a possibilidade de buscar novo refúgio em uma embaixada caso uma prisão seja decretada contra ele.
Cenário eleitoral e relações políticas
Na mesma entrevista, Bolsonaro revelou que um de seus objetivos para a eleição de 2026 é ampliar o número de bolsonaristas no Senado, dado que, segundo ele, o governo Lula tem maioria no Senado, o que desbalancearia o poder. O ex-presidente também defendeu a atuação do presidente da Câmara, Arthur Lira, que tem se posicionado em defesa de parlamentares bolsonaristas indiciados pela PF.
Bolsonaro concluiu a entrevista dizendo que, apesar dos desafios, continua a buscar apoio para fortalecer sua base política, destacando o seu foco na reestruturação de alianças para a próxima eleição presidencial.