As tendas voltadas para o atendimento de pacientes com dengue foram adquiridas por um valor muito superior às que eram utilizadas durante a pandemia
As 11 tendas de hidratação e atendimento para as pessoas com suspeita de dengue, instaladas no Distrito Federal desde abril, começaram a ser desmontadas nesta segunda-feira (10). A instalação das tendas levantou diversas críticas por parte de grupos especializados, como o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) e a Associação Brasiliense de Medicina de Família e Comunidade (ABMFC).
Logo no mês de abril deste ano, primeiro de funcionamento dos espaços, o CRM-DF identificou irregularidades em sete tendas de atendimento, nas regiões administrativas Sol Nascente, Santa Maria, Samambaia, Recanto das Emas, São Sebastião, Estrutural e Sobradinho. Isso porque, na prática, como revelou o Fatos Online na Coluna do Mino, as barracas improvisadas careciam de equipamentos para emergências e para higienização das mãos. Além disso, os pacientes aguardavam para receber a hidratação e eram atendidos sem qualquer privacidade. Com isso, as estruturas acabaram sendo desmontadas. Vale lembrar que Ceilândia, Samambaia e Santa Maria, configuram entre as regiões administrativas com maior incidência de dengue. Atualmente, o Hospital de Campanha de Dengue de Ceilândia contabiliza 11.979 notificações de casos prováveis de dengue, apenas neste ano.
Já a crítica por parte da ABMFC considera a estratégia do governo do Distrito Federal ineficaz. De acordo com a associação, as tendas, entregues com atraso, não aliviaram a sobrecarga da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). O grupo ressalta que deslocar profissionais para as tendas desfalca as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e prejudica a capacidade de atender outras demandas. Em nota, a ABMFC ainda propôs a contratação de profissionais específicos para as tendas de atendimento a doenças respiratórias. Além disso, o grupo salientou que as tendas terceirizadas, apesar do alto custo, deveriam ser ajustadas para atender doenças respiratórias, especialmente na população pediátrica, que agora demanda mais atenção das autoridades da Saúde.
Quanto aos recursos empenhados para levantas as 11 estruturas, foram investidos, ao todo, R$ 28.375.877,64. Para termos de comparação, uma tenda similar para o tratamento da Covid-19 custou cerca de R$ 4.299,37. Além disso, há outros indícios de irregularidades, como o não cumprimento dos prazos determinados no edital.
Durante o período de funcionamento, as estruturas atenderam mais de 50 mil pacientes que apresentavam sintomas da doença e necessitavam de hidratação. Com a inativação das tendas, a Secretaria de Saúde recomenda que pessoas com sintomas de dengue — como febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores no corpo e nas articulações, náuseas, vômitos e manchas vermelhas na pele — voltem a procurar a UBS mais próxima.