O desgaste nacional de Ibaneis após seu envolvimento com os atos antidemocráticos provoca mudança partidárias em busca da sobrevivência
Por Mino Pedrosa
O glamuroso jantar promovido pelo PSD (Partido Social Democrático) no hotel Royal Tulip, do empresário Paulo Octávio, para agraciar os ministros e parlamentares da base do presidente Lula, evidenciou, no entanto, a fragilidade visível do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.
Inteiramente desgastado no MDB, podendo ser até alijado da sigla, o peixe fora d’água emedebista, está à procura de uma tábua de salvação que tem como nome e sobrenome: Paulo Octávio.
O empresário, que se viu contemplado com uma grande fatia de cargos e contratos concedidos pela polêmica gestão Ibaneis Rocha, retribui as benesses recebidas com a conhecida “barriga de aluguel”: o PSD, partido que um dia já foi liderado pelo glorioso presidente Juscelino Kubitschek, nome vilmente usado por integrantes atuais da legenda.
No Distrito Federal, o MDB mudou de força. Antes controlado pelo atual deputado federal Rafael Prudente, apadrinhado de Ibaneis, o comando da legenda local voltou às mãos do ex-deputado federal Tadeu Filippelli.
Próximo a integrantes do governo de Lula, Filippelli recuperou o espaço perdido durante a gestão de Jair Bolsonaro à frente da presidência da República e após ter sido traído por Ibaneis Rocha. Ainda durante a campanha de 2018, Tadeu Filippelli foi um dos primeiros a apoiar o atual gestor de Brasília, mas logo foi empurrado para o ostracismo.
Após retomar poder, Filippelli trouxe a Brasília o presidente nacional de sua legenda, Baleia Rossi, para batizar o presidente da Câmara Distrital, Wellington Luís, como o futuro presidente do MDB regional. A presença do representante nacional foi um golpe nas pretensões do atual governador, degolando de vez as ambições do seu apadrinhado político à sucessão do DF, Rafael Prudente.
O enfraquecimento de Ibaneis no MDB também foi reforçado após o episódio de 8 de janeiro, quando terroristas e vândalos atentaram contra os Poderes da República com o envolvimento do governador do DF.
Ferido de morte nacionalmente, por ter sido conivente com atos antidemocráticos, Ibaneis Rocha se viu na mira dos caciques nacionais que projetam Filippelli, como o alagoano Renan Calheiros.
Ibaneis Rocha, reconhecido politicamente como seguidor de Jair Bolsonaro, agora traz na face um olhar em Lula e o outro no ex-presidente. Tentando se recuperar no âmbito nacional, o representante de Brasília busca uma proximidade com Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, e utiliza Paulo Octávio para abrir as portas desta relação. A fatura, porém, será cobrada.
No âmbito local, desgastado após ser conivente com os ataques terroristas, Ibaneis buscará nas obras com dinheiro do povo brasiliense a solução na conquista da popularidade, hoje maquiada nas pesquisas feitas sob encomenda do Palácio do Buriti. O grande beneficiário será Paulo Octávio, dono de uma das maiores construtoras da capital federal.
O trio carinhoso e afetivo de Ibaneis Rocha, Paulo Octávio e Gilberto Kassab tem tudo para dar “match”, como se diz no linguajar popular.
Todo o desenhar político de Ibaneis, porém, visa sobreviver para as eleições de 2026, quando o atual governador deverá disputar uma cadeira do Senado Federal enfrentando possivelmente fortes candidatos, como a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro ou a atual deputada federal Bia Kicis (PL). Também entra no páreo a deputada distrital Paula Belmonte e o candidato de Lula no DF, Leandro Grass, além outros que surgirão de última hora.
Vale lembrar também que, ainda durante o primeiro mandato, Ibaneis Rocha teve sua primeira grande derrota no MDB, legenda controlada por grandes caciques nacionais. Ao tentar se cacifar nacionalmente com uma possível presidência da sigla, o governador foi ferozmente impedido de gerir o partido por uma manobra regimental comandada pelo senador Renan Calheiros, do MDB de Alagoas.
Desde então, Ibaneis Rocha não tem sido bem-visto por políticos consagrados do MDB na esfera nacional.
Enquanto tenta mostrar para o eleitorado um gestão marcada por obras (mais lardeadas do que concretas), Ibaneis alimenta o seu supersecretário José Humberto Pires, conhecido como pezão, “Pezão”, mordido com pela mosca azul, com uma possível candidatura à sua sucessão.